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Brasília, Distrito Federal, Brazil
A paixão pelo mundo árabe surgiu nas tardes de minha infância, ao assistir o seriado Jeannie é um Gênio, pois, junto à comédia dos anos cinquenta, havia números de dança árabe, como nos filmes egípcios. Em maio de 2000, comecei a tomar aulas com Rosilene Santos. De início, achei que não conseguiria, pois, na realidade, a dança trabalha o feminino. Aos poucos e com paciência fui descobrindo a beleza de cada movimento, de cada acorde musical. Percebi que, apesar de ser um pouco diferente, a cultura árabe não está tão distante assim de nós, brasileiros. Em 2005 iniciei os estudos do árabe para entender as letras das músicas árabes. Unido a esse conhecimento, veio o interesse pela música e cultura árabes. Em 2006 fui admitida como professora no Zahra Studio de Dança do Ventre, principiando minha jornada como mestra/pesquisadora da dança oriental. Em 2008 fundei o Harém Centro de Danças no Sudoeste e, em 2010 fiz a transferência da escola para Taguatinga. Busco entender a dança, de modo geral, e a dança do ventre, de modo específico, como forma de o ser humano se expressar num mundo conturbado e caótico. E posso afirmar que cada passo tem trazido gratas surpresas e plena alegria!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Teatros em Brasília



Levantamento dos teatros, salas, auditórios e anfiteatros com suas respectivas capacidades aqui em Brasília. Foram organizados por região administrativa – pois Brasília não possui municípios  (Asa Sul, Asa Norte, Taguatinga etc.) –, nome do espaço, endereço, telefone e capacidade (lugares).







Asa Sul

Aliança Francesa: SEPS 708/908; 3242-7500; 150 lugares;
Assoc. Brasileira de Odontologia – DF: SGAS 616 lote 115; 3445-4800; 160 lugares;
Bancários: EQS 314/315; 3346-9090 r. 320; 474 lugares;
Bolso da 508 Sul: Espaço Cultural Renato Russo-508 sul; 3244-0411/3443-1559; 66 lugares;
Bolso da Companhia da Ilusão: CLS 510 bl. C entr. 18 pela W2 Sul, sobreloja; 3242-3544; 40 lugares;
Caixa: SBS Qd. 4 lts. 3/4 Conjunto Cultural da Caixa anexo ao edifício sede; 3206-9449/3206-9450; 380 lugares;
Casa Thomas Jefferson: SEPS 706/906 conj. B; 3443-6588; 250 lugares;
Colégio Marista: SGAS 615 conj. C s/n; 3445-6900; 464 lugares;
Conchita de Morais: SDS bl. C lj. 30 Ed. Fund. Bras. de Teatro subsolo Teatro Dulcina; 3226-6737; 98 lugares;
Cultura Inglesa: SEPS 709/908 conj. B; 3244-5650; 160 lugares;
Dulcina de Moraes: SDS bl. C Lj. 30/64 Ed. Fund. Bras. de Teatros; 3321-1341; 450 lugares;
Escola-Parque: EQS 307/308 W2 Sul; 3242-0635; 573 lugares;
Espaço Cultural Anatel: SAS Qd. 6 bl. C; 3212-2439; 220 lugares;
Espaço Cultural Ary Barroso: Sesc Estação 504 sul CRS 504/505 bl. A; 3217-9101; 120 lugares;
Galpão: Espaço Cultural Renato Russo-508 sul; 3443-6039; 300 lugares;
Garagem do Sesc: Sesc 713/913 sul bl. F; 3346-3034; 204 lugares;
Goldoni: EQS 208/209 bl. A Casa D’Itália 2º pav.; 3443-1747; 150 lugares;
Instituto Cervantes: SEPS 707/907 lt. D; 3242-0603; 120 lugares;
La Salle: Centro Educacional La Salle SGAS 906 conj. E; 3443-7878; 550 lugares;
Levino de Alcântara: Escola de Música de Brasília – L-2 sul Qd. 602 mód. D; 3323-4327; 600 lugares;
Marco Antônio Guimarães: Espaço Cultural Renato Russo-508 sul; 3244-0411; 140 lugares;
Multiuso: Espaço Cultural Renato Russo-508 sul; 3244-0411; 180 lugares;
Multiuso JK: SESC 713/913 sul bl. F; 3346-3034; 230 lugares;
Parlamundi: SGAS 915 lts. 75/76; 3245-1836; 100 a 500 lugares;
Pavilhão de Feiras de Brasília: Parque da Cidade; 3322-0024; 1800 lugares;
Sara Kubitschek: SHMS Qd. 301 cj. A Hosp. Sarah; 3319-1111; 350 lugares;
Sílvio Barbato: Sesc Presidente Dutra SCS Qd. 2 Ed. Pres. Dutra; 3319-4400; 176 lugares;
Ulysses Guimarães: Faculdade Unip (Univ. Paulista) SGAS 913, conj. B; 3345-9221; 500 lugares.

Asa Norte

Alberto Nepomuceno: Setor Cultural Norte - Via N2; 3325-6240; 95 lugares;
Anchieta: Centro Cultural de Brasília SGAN 601 mód. B; 3426-0400; 100 lugares;
Anf. 9: Minhocão Campus Universitário Darcy Ribeiro UnB; 3307-2555; 228 lugares;
Arena da UnB: Campus Universitário Darcy Ribeiro UnB; 3307-2555; 3000 lugares;
Arrupe: Centro Cultural de Brasília SGAN 601 mód. B; 3426-0400; 50 lugares;
Berckmans: Centro Cultural de Brasília SGAN 601 mód. B; 3426-0400; 50 lugares;
Casa do Candango: SQN 603 lts. 16/17 Av L-2 sul; 3225-9060; 100 lugares;
Centro Comunitário Athos Bulcão: Campus da UnB; 3307-2958; 2500 lugares;
Claver: Centro Cultural de Brasília SGAN 601 mód. B; 3426-0400; 12 lugares;
Espaço Cena: SCLN 205 bl. C lj. 25; 3349-3937; 50 lugares;
Espaço Cultural Brasília Shopping: SCN Qd. 5 bl. A; 2109-2122; 100 lugares;
Espaço Cultural BSB Musical: SCRN 712/713 bl. D lj. 42 e 48; 3340-4008; 150 lugares;
Espaço Mosaico: SHGIN 714/715 bl. D lj. 16; 3032-1330; 80 lugares;
Kostka: Centro Cultural de Brasília SGAN 601 mód. B; 3426-0400; 50 lugares;
Loyola: Centro Cultural de Brasília SGAN 601 mód. B; 3426-0400; 220 lugares;
Mapa'ti: SHCGN 707 bl. K cs. 13; 3347-3920; 80 a 250 lugares;
Martins Pena: Setor Cultural Norte – Via N2; 3325-6240; 437 lugares;
Oficina Perdiz: SCRN 708/709 bl. D lt. 8/10; 3273-2364; 120 lugares;
Villa-Lobos: Setor Cultural Norte – Via N2; 3325-6107; 1307 lugares.

Lago Sul/ Lago Norte

Academia Music Hall: SCES Tr. 4 lt. 1-B pte. A; 3316-6161; 2200 lugares;
Americel Hall: Academia de Tênis de Brasília SCES Tr. 4, lt. 1-B, cj. 5 pte. A; 3316-6261; 2600 lugares;
Brasília Alvorada Hotel: SHTN Tr. 1, conj. 1-B, bl. C vizinho ao Palácio da Alvorada; 3424-7000; 420 lugares;
CCBB: SCES Tr. 2 lt. 2; 3310-7087; 300 lugares;
Concha Acústica: SHTN Concha Acústica; 3325-6162; 8000 lugares;
Espaço Brasil Telecom: SHTN Brasília Alvorada Hotel Complexo Blue Tree; 3306-3041; 420 lugares;
Eva Herz de Brasília: Livraria Cultura Shopping Iguatemi Brasília SHIN CA 4 lt. A; 2109-2700; 200 lugares;
Instituto Israel Pinheiro 1: SHIS QI 29 lt. A Lago Sul; 3367-2000; 200 lugares;
Instituto Israel Pinheiro 2: SHIS QI 29 lt. A Lago Sul; 3367-2000; 330 lugares;
Jardim Botânico: SMDB conj. 12; 3366-4090; 3366-2141; 2500 lugares;
Le Corbusier: SES Qd. 801 lt. 4 Embaixada da França Av. das Nações; 3312-9205; 120 lugares.

Eixo Monumental

Cássia Eller: Setor de Divulgação Cultural atrás da Torre de TV Funarte; 3226-9228; 214 lugares;
Master: Centro de Convenções Setor de Divulgação Cultural; 3325-5711; 3000 lugares;
Plínio Marcos (antiga Casa do Teatro Amador): Setor de Divulgação Cultural atrás da Torre de TV
Funarte; 3226-9228; 517 lugares.


Cruzeiro/SMU/Sudoeste

Caleidoscópio: CLSW 102 bl. C galeria sl. 1; 3344-0444; 40 lugares;
Pedro Calmon: QG bl. J 2º piso SMU; 3415-6862; 1200 lugares;
Poupex: Ed. Sede da Fund. Habit. do Exército Av. Duque de Caxias, s/n SMU; 3314-7520; 649 lugares;
Rubem Valentim: AE C lt. 6 Setor Escolar Cruzeiro; 3363-1532; 160 lugares.

Taguatinga

Auditório Central da Univ. Católica de Brasília - Campus I: QS 7 Lote 1 EPCT; 3356-9000; 800 lugares;
Bolso de Taguatinga: QS 3 lt. 3 sl. 108; 3563-3424; 50 lugares;
Bonbini Eventos: QNE 2 lt. 1 3. and. Ed. Bonbini Clinica; 3039-4848; 100 lugares;
Centro Educacional Projeção: Setor C Norte AE 5/6; 3352-3163; 330 lugares;
Lions Clube de Brasília: Setor E Sul AE 18; 3356-6232; 800 lugares;
Paulo Autran: Sesc Taguatinga Norte CNB 12 AE 2/3; 3451-9146; 200 lugares;
Praça: EIT C1 AE 1 St. Central Taguatinga; 3352-0576; 282 lugares;
Rotary Clube de Taguatinga: CSA 2 lt. 17; 3356-1988; 80 lugares;
Shopping Risk Papelaria: QNE 1 lt. 3 lj. 1; 3351-0519; 250 lugares;
Yara Amaral: Centro Cultural Sesi QNF 24 AE; 3355-9500; 478 lugares.


Águas Claras

Águas Claras: Espaço Cultural Caesb Av. Sibipiruna lts. 13/21 Centro de Gestão Águas Emendadas bl. H; 115; 416 lugares;

Ceilândia

Casa do Cantador: QNN 32 AE G; 3376-2626; 400 lugares;
Newton Rossi: Sesc Ceilândia QNN 27 lt. B; 3379-9500; 430 lugares;

Gama

Cine Teatro Itapoã: Gama Praça 1 Setor Leste; 3385-3555; 400 lugares;
Sesc Gama: Setor Leste Industrial QI 1 lotes 620, 640, 660 e 680; 3484-9103; 365 lugares.

Guará

Arena do Guará: QE 23 AE CAVE; 3966-3377; 10000 lugares;
Guará Dr. Rogério de Freitas Cunha: Auditório da Administração do Guará QE 23 AE CAVE; 3966-3377; 252 lugares.

Sobradinho

Sobradinho: Qd. 12 AE 4 CE-2; 3901-4106; 300 lugares.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Boss al el halawa (Prove a beleza) – Hegazy Metkal

Hegazy Metkal é atualmente o melhor cantor egípcio de folclore, nascido em Luxor.

Seu pai, El-Rayes Metkal, é um popular cantor egípcio de folclore, toca rabab e é fundador da banda Music of the Nile, que fez turnê pela Europa e pelos Estados Unidos, tornando popular a música folclórica egípcia no Ocidente.



Hegazy, ainda garoto, cantava durante os concertos. Participou com seu pai de várias apresentações realizadas nos maiores teatros do mundo, o que contribuiu para aumentar sua experiência. Isso permitiu a ele cantar profissionalmente e desenvolver estilo próprio.



Para vê-lo e ouvi-lo cantando:




Transliteração:                                                                     Tradução:



Tfarag al halawa, halawa                                                Veja que beleza!
Di baladiw nagawa, nagawa                                           Os frutos do meu país
Boss al halawa, halawa                                                    Prove a beleza,
Di baladiw nagawa, nagawa                                           Os frutos do meu país
Taala doog ya helu, madamai                                        Venha e prove a doçura
Taala doog ghodlak sandoog                                          Compre uma cesta cheia de alimentos

Ya helwa ya shayelal balas                                               Ó linda que carrega o jarro de água
Men fadlek dal esgini (bis)                                              Por favor deixe-me matar a sede
Da Galbey habek beghlas                                                 Porque meu coração a ama
                                                                                               sinceramente
Zai ma habek, hebinee                                                     Como eu te amo, ame-me também
Zai ma weedek, wedeenee                                               Como eu te desejo, deseje-me também

Leimel malas lemei                                                           Tome as frutas, tome-as
Ya helwa ya zeina, ya zeina                                             Ó bela, ó deliciosa
Leimel malas lemei, lemei, lemei, lemei                      Tome as frutas, tome-as
Ya helwa ya zeina                                                              Ó bela, ó deliciosa
Agle sharad meinee, men gamalek                                Eu te amei muito
Ya helwa ya, ya zeina                                                        Ó bela, ó deliciosa

Mayel wesgeeni ya wad ami, mayel wesgeeni             Pare um pouco e deixe-me matar a
                                                                                              sede
Ana mosh ashgan ya wad ami, hobak yerweeni         Eu estou sedento por seu amor
Ya wad, ya wad, ya wad ya wala wala
Men soghre sen wana fel hawa, wala                           Desde pequeno, eu estou  apaixonado
Anal aleel wenta-dawa                                                    Eu sou o paciente e você, a cura
Ya wad, ya wad, ya wad ya wala

Yalee gamalek agab, agab                                               Sua beleza é maravilhosa
Ya mahla gholghalek (bis 2 x)                                        Sua tornozeleira é muito bonita!
Gamal we agel we adab, we adab                                  Você é bonita, tem boa mente e é tão
                                                                                              educada
Yem sharefaghalek                                                           Você é honorável
Adalal yabokohle zamazai                                              Use bem seus olhos contornados para
                                                                                             conseguir o que quer!
Adalal, adalala                                                                  Use bem para conseguir o que quer!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Que importância há em saber o significado das músicas árabes?



Osama el-Gohary, músico egípcio que reside no Texas, enviou uma mensagem para a lista de discussão sobre a questão de bailarinas de dança árabe americanas utilizarem músicas religiosas para dançar.

Houve várias manifestações contra e a favor a esse assunto. Muitos bailarinos e estudantes de dança árabe alegaram que são bailarinos americanos e que dançavam por hobby, e, dessa forma, ninguém teria o direito de dizer-lhes o que deveriam ou não dançar. Outros, entretanto, concordaram plenamente com as observações de el-Gohary e lamentaram a falta de traduções para as músicas disponíveis para a dança árabe.

Quando se aprende ou se compreende mais a respeito deste tipo de música, mais é perceptível que os bailarinos podem interpretá-la melhor. Ao conhecer o significado das letras, a escolha do tipo de canção para dança será facilitada.

Por exemplo, o álbum com as melhores canções de Emad Sayyah (Best Songs: Emad Sayyah), parece permitir a composição de uma rotina de dança a ser apresentada. Entretanto ao ler as traduções das faixas 4 e 5 disponíveis no encarte do disco, descobre-se que usá-las é no mínimo temeroso. As letras falam sobre o imigrante desejoso de voltar para casa e sobre a existência de uma linha de telefone livre para Beirute. Um imigrante, que está longe de casa por conta da guerra civil no Líbano. É necessário bom senso para interpretá-las bem ou descartá-las. Mas há outras canções no CD que falam sobre dançar, tocar o derbaque, ou que repete várias vezes Leila ya Leila ("Oh minha noite!").

Adayna, professora de dança em Phoenix-USA, relata a seguinte experiência: ela dançara com a espada utilizando uma canção árabe particularmente bonita. Uma mulher na platéia que falava árabe veio até ela e disse: "você é uma bailarina maravilhosa, mas por favor não utilize essa canção para dançar, pois ela é uma canção muito, muito, muito triste."

Robyn Friend, autoridade e performer em dança e música persa nos Estados Unidos, disse que se alguém não sabe o que está dançando pode vir a cometer terríveis erros. Ele postou uma mensagem para um fórum de discussão sobre dança e música árabe em outubro de 2002, com seguinte teor:

"Eu fui informado de que ocorreu um incidente em um concerto do músico turco Omar Faruk Tekbilek. Eu não estava na platéia, mas alguém que estava lá e que tem conhecimento da minha amizade com Faruk e de nosso respeito mútuo – e que sabe do meu interesse pelo assunto – pediu que eu abordasse este tema na lista, na esperança de que juntos possamos levar o conhecimento a toda a comunidade de dança.

Faruk se apresentou no Sacred Music Festival (Festival de Música Sacra), em Los Angeles. Quando Faruk tocava música sufi, recitando os belos nomes de Deus (Allah), um grupo de quinze a vinte mulheres levantou-se e começou a dançar em frente ao palco. Isso foi altamente inapropriado para duas razões:

  • primeiro, embora eu saiba que nós, bailarinos, gostemos de dançar com uma música que nos mova, não é educado colocar-se à frente de um palco e dançar sem ser convidado. Isto é fato, não importando o tipo de música! Tal comportamento mostra uma falta de respeito para com os artistas, e para com as outras pessoas que estavam na platéia. Além de causar distração;
  • segundo, a música sufi não é para se realizar dança árabe, e fazê-lo com esse tipo de música em um contexto como aquele pode ser altamente ofensivo para o povo árabe.


Minha filosofia pessoal é: Se sua atitude é ofensiva de alguma maneira e refreá-la não causa ofensa, então é melhor refreá-la."

Em outra mensagem enviada a essa lista, uma professora de dança contou que uma de suas estudantes mostrou uma música que ela gostaria de coreografar. Então a professora informou-lhe que não poderia fazê-lo, uma vez que a música era "a convocação para oração"!

Em seus excelentes ensaios sobre o assunto, Osama el-Gohary vai mais além com relação à interpretação das músicas dada pela bailarina. Naturalmente, esse tipo de interpretação não é possível sem o conhecimento do significado das letras!

Há uma razão mais abrangente para saber o significado das letras!

A tragédia de 11 de setembro nos tornou conscientes da distância e da falta da conhecimento entre as culturas do Ocidente e do Oriente. Quanto mais soubermos sobre o que as canções estão dizendo, mais nós compreenderemos essa cultura que nos dá muita alegria.

As discussões após essa tragédia demonstraram que, infelizmente, há muitas bailarinas de dança árabe ocidentais que realmente não se importam muito com a cultura que emoldura a música que elas amam dançar. Uma atitude que – no mínimo – sinaliza a arrogância generalizada de vários povos ocidentais diante de culturas diferentes das suas.

Entretanto há muitos ocidentais que amam a música árabe e que também estão interessados em compreender um pouco mais sobre a cultura e sobre os povos dos quais ela emana!

A última razão para se conhecer o significado das letras é que elas são em sua maioria muito bonitas! Muitas são poemas encantadores!

Em suma, saber o significado das letras das canções árabes pode evitar que:


  • bailarinos ocidentais errem na interpretação de uma canção;
  • se apresentem com uma canção inapropriada; 
E pode:
  • favorecer a compreensão da cultura árabe;
  • permitir que haja a apreciação da beleza dos sentimentos expressados na canção.

REFERÊNCIAS


CLARK, Lennie 'Iliana'. Why is it important to know what the lyrics mean? 2002. Disponível em: http://www.shira.net/music/why-know-lyrics-meaning.htm. Acesso em: 25-10-2010.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Elli enta shayfou (Faça o que você acha melhor) – Fadel Shaker

Fadel Shaker, palestino nascido no Líbano, se preocupa em cantar utilizando o sistema melódico árabe, conhecido como maqamat, e sempre tenta preservar o estilo musical árabe tradicional. Suas canções são apreciadas por não possuírem qualquer influência melódica ocidental. Possui um estilo único de cantar, que tem conquistado vários fãs por todo mundo árabe.




Ao longo de sua carreira, Fadel Shaker ganhou vários prêmios musicais importantes e, em apenas quatro anos (1998-2002), tornou-se uma das maiores lendas musicais do Oriente Médio. Ele foi apelidado de Malek el Romansia ou Rei do Romance.


Para vê-lo e ouvi-lo cantando ao vivo:



Tradução da música:


Elli enta shayfou ya habibi aamilou                            Faça o que você achar melhor meu bem
Elli enta gai aashan tghoulou kamelou                       Continue o que você pretendia dizer
Keda aw keda hikayetna mosh haytauylou             De um jeito ou de outro isso não mudará
                                                                                         nossa história

Yebagha leh el boad binna nagelou 2x                      Então por que colocar essa distância entre
                                                                                        nós?



Eh yaani law hadeea baadek youmin                        Então o quê? Se eu me perder por dois dias
                                                                                        por 
sua causa
Eh yaani law hadmaa damaiteen                               Então o quê? Se eu derramar duas
                                                                                        lágrimas

Egharni delwaghty balash baadeen                           Magoe-me agora e não depois
Dalgarh yebgha sahl fi awelou 2x                               Porque a dor é mais suportável no início


En aeshna w en kan lina hafakarak                           Se nos separarmos ou permanecermos
                                                                                        juntos; te 
farei lembrar
Ana kont baghi halik w khalitni ashsarak                  Eu estava te abraçando forte, mas você
                                                                                         me fez soltá-la

Ana mosh haghool baadeen leh w eh ghirak             Eu não direi depois: por que? quem?
                                                                                         Exceto por você

Wel boadi law kan saab bokra estas'helou 2x           E a separação é difícil, mas será mais fácil
                                                                                         amanhã



Eh yaani law hadeea baadek youmin                         Então o quê? Se eu me perder por dois
                                                                                         dias por 
sua causa
Eh yaani law hadmaa damaiteen                                Então o quê? Se eu derramar duas
                                                                                         lágrimas

Egharni delwaghty balash baadeen                            Magoe-me agora e não depois
Dalgarh yebgha sahl fi awelou 2x                               Porque a dor é mais suportável no início

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Música egípcia: esboço de uma linha no tempo

O Egito é o maior país árabe, com aproximadamente oitenta milhões de pessoas, que vivem em sua maior parte ao longo do rio Nilo, que corre de Aswan, perto da fronteira com o Sudão até a Alexandria, no mar Mediterrâneo. Como centro regional geográfico, econômico e populacional, o Egito centraliza a produção cultural no mundo árabe, de modo que o dialeto egípcio  tornou-se extensamente compreendido graças à disseminação de filmes, programas de televisão e música egípcios.




Mohammed Abdel Wahab.

A história da música egípcia começa na era colonial antes da Segunda Guerra Mundial. Durante os anos vinte e trinta, o compositor egípcio mais proeminente era Mohammed Abdel Wahab, que fez a adaptação de muitos poemas à música, tais como os de Ahmed Shawky, além de escrever as trilhas sonoras de muitos filmes egípcios. Abdel Wahab também escreveu várias canções para a cantora mais importante da história da música egípcia, Om Kalthoum.



Om Kalthoum.


Conhecida como Kawkab al-sharq (Estrela do Leste), ganhou proeminência nos anos 40 e desde então é adorada pelo público egípcio. Com o movimento nacionalista e a revolução de 1952, Om Kalthoum transformou-se em símbolo nacional para o Egito e muitas de suas canções deste período possuem um teor nacionalista. Morreu em 1975, mas é sem sombra de dúvida a artista  mais conhecida em todo o Egito e certamente por todo mundo árabe.




Asmahan e seu irmão, Farid al-Atrache.

No início da carreira de Om Kalthoum, havia uma outra cantora muito popular chamada Asmahan, que era descendente da realeza drusa e irmã do Farid al-Atrache e que se mudou para o Cairo. Produziu diversos filmes e canções, mas morreu num acidente de carro sob circunstâncias duvidosas. Haviam vários boatos de que ela poderia ter sido uma espiã soviética. Por causa de sua beleza misteriosa e de sua morte prematura, Asmahan ainda é uma lenda no mundo da música árabe.




Abdel Halim Hafez.

Abdel Halim Hafez é outro cantor egípcio que se tornou muito famoso no Egito pós-independente. É conhecido por cantar músicas de amor de proporções épicas como Om Kalthoum e por seu sorriso marcante. Como a maioria dos cantores egípcios desta época, estrelou diversos filmes musicais. Em 1977 morreu razoavelmente jovem – aos 48 anos – e ainda permanece uma lenda da música no Egito. Em 2006, o filme Haleem teve o ator egípcio Ahmed Zaki no papel de Abdel Halim Hafez. O álbum de Natacha Atlas, Halim, é uma homenagem a Abdel Halim.




Amr Diab em 2010.


Atualmente há várias estrelas pop egípcias, entretanto nenhuma é mais famosa e lendária do que o cantor Amr Diab. Tornou-se internacionalmente conhecido com a canção Nur el-ayn durante os anos noventa, e permanece o rei do pop egípcio ainda hoje. Amr Diab é atualmente conhecido por sua face jovem, apesar de já estar quase na casa dos cinquenta.




Mohammed Munir.



Mohammed Munir é um artista do alto Egito, nascido em Aswan. É conhecido por misturar os estilos musicais árabes com os africanos. Ele trata em suas canções de assuntos como religião e política. Após o Onze de Setembro, procurou aprender mais sobre a religião muçulmana e tem sido ferrenho crítico dos muçulmanos que não praticam a religião responsavelmente e dos ocidentais que apregoam equívocos ultrajantes sobre muçulmanos. Ele também sido um apoiador da causa palestina e um defensor da paz de modo geral.




Sherine Ahmed e Tamer Hosni,
na cada do cd Free Mix 3.





Os cantores Sherine Ahmed (nascida Sherine Abdel Wahab) e Tamer Hosni se tornaram muito populares no cenário egípcio nos últimos anos. Alcançaram popularidade com Free Mix 3, de 2002, que contém solos e duetos. Atualmente ambos têm carreiras de solo bem sucedidas e têm lançado muitos álbuns.







Shaaban Abdel Rahim.

Shaaban Abdel Rahim despontou para o estrelato, tornando-se bastante conhecido por possuir uma postura bastante controversa no shaabi egípcio. Ele encarna a história do joão-ninguém que alcançou riqueza, depois de ter sido por muito tempo trabalhador mal-remunerado em lavanderia antes que suas canções se tornassem populares. Sua música é escrachada. Possue foco em letras fáceis de serem lembradas e na expressão de idéias populares e polêmicas. As canções Eu odeio Israel, de 2000, e Não acerte o Iraque, de 2003, fizeram dele uma figura amada.





Hakim.

Hakim é outro cantor do gênero shaabi que vendeu milhões de discos desde o início dos anos 90, atualmente é considerado o rei da música shaabi egípcia. Nascido em Maghagha – uma cidade pequena da Al-minya, Egito –, Hakim cresceu ouvindo o som tradicional da classe trabalhadora, o shaabi, raiz do sul do Egito. Foi bastante influenciado pelo cantor  Ahmed Adaweia – também de estilo shaabi – e começou praticando mawals – improvisações vocais que iniciam tradicionalmente as canções shaabi.



MTM representa o hip-hop egípcio.


O primeiro grupo egípcio de hip-hop que conseguiu sucesso foi MTM. Seu álbum de 2003 intitulado Ummi mesafra (Minha mãe se foi) foi inovador no meio da música pop árabe. Embora alguns de seus singles sejam em sua maior parte de batida pop como o é Will Smith nos Estados Unidos, algumas de suas canções tratam de assuntos sociais usando o humor.






REFERÊNCIAS

GRATIEN, Chris . Egyptian music: 20 Feb. 2007. Disponível em: http://www.arabicmusictranslation.com/2007/04/egyptian-music.html. Acesso em: 9-9-2010.






sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O ovo da serpente e o mercado da dança do ventre: meditações sobre ética profissional

Nêmesis, deusa da ética.
Alfred Rethel.
(Óleo sobre tela, 1837).

Há cerca de oito anos (3-3-2002), durante o Primeiro Simpósio de Dança do Ventre em São Paulo, foi publicado o Código de Ética da Dança do Ventre, sob a iniciativa de Shalimar Mattar, editora do jornal Oriente, Encanto e Magia, com a colaboração de várias pessoas envolvidas com a dança do ventre (professoras, bailarinas e estudantes). O código objetiva organizar e valorizar o segmento envolvido com a dança do ventre no Brasil.

Achei a iniciativa louvável e, claro, participei com sugestões e observações
(sou a participante nº 239 – vide
http://www.orienteencantoemagia.com.br/_entrada/participantescodigo.htm);
entretanto, após todo esse tempo, gostaria de ressaltar que não tem havido aplicação prática desse código de orientação por parte dos indivíduos que atuam na dança do ventre, mais especificamente em Brasília, cidade onde moro.



Com a crise mundial, nesses últimos meses, observou-se uma queda expressiva no mercado da dança do ventre relativo a shows e ao ensino. É claro que esse mercado não está isolado de outros mercados. Sejam eles relativos à dança, ou não. Diante dessa constatação, é óbvio que a dança do ventre iria ser atingida, pois quando é necessário fazer-se corte no orçamento para equilibrar as contas, as pessoas o fazem nas áreas que julgam supérfluas. Desse modo, as danças, os hobbies e os cursos que não estejam ligados precipuamente ao aperfeiçoamento profissional são logo retirados da lista. Com medo da seriedade da crise, as pessoas ou estão sendo mais criteriosas ao gastar, ou efetivamente não estão consumindo como antes.

Isso é um fato e é perfeitamente natural!

Entretanto o que preocupa são as seguintes constatações:

– prática de concorrência desleal e até predatória;
– propagação de inverdades e até mesmo mentiras sobre a dança do ventre e todo o universo que a
   envolve;
– orientação equivocada sobre a postura a ser adotada em vários lugares, sejam eventos, encontros etc.;
– incentivo ao imediatismo para o aprendizado em sala de aula.

Pude verificar que tem-se alastrado no ramo da dança do ventre, desde longa data, uma prática condenável em qualquer ramo comercial: o dumping.

O estabelecimento por academias e estúdios de preços inferiores aos praticados pelo mercado para pagamento de mensalidades é inaceitável! Tal hábito atinge diretamente os recebimentos dos professores, que têm-se mostrado enormemente desmotivados, pois a baixa remuneração afeta a capacidade de investir na reciclagem e na busca de atualização de conteúdos para o ensino.

A situação com relação aos shows e aos cachês pagos beira o escândalo! Os preços baixos praticados pelas bailarinas de dança do ventre desvalorizam a categoria. Outra atitude execrável é a concorrência desleal e antiética ao se oferecer um show abaixo do que está estabelecido por uma profissional que por ventura esteja se apresentando num determinado local. Deve-se ter cuidado com essas armadilhas! Os comerciantes e contratantes particulares querem acima de tudo reduzir seus custos e a atitude ética é o que menos importa para eles.

Outro ponto é a propagação de inverdades sobre as bases da dança do ventre, que vão desde as informações a respeito da origem e da história, as habilidades necessárias para a prática e o tempo que se leva para aprender, até as orientações sobre como se comportar em sala de aula, shows ou encontros. É preocupante o imediatismo presente em sala de aula para o aprendizado da dança.

Estamos diante de um impasse! Temos que reavaliar totalmente nossa postura, tendo em vista essas constatações. Nós, como profissionais, é que devemos primar por uma conduta adequada diante de nossos pares, pois são eles que nos apoiam (ou isolam) no meio da dança do ventre.

Devemos ter o pé no chão! Quem consome dança do ventre é quem faz e produz dança do ventre (aluna, professora, bailarina e empreendedor). Ao se tentar boicotar um ou outro produtor de dança do ventre, o que se atinge é o mercado potencial que consumirá dança do ventre. No melhor estilo do adágio popular: atira-se no que se vê, mas acerta-se no que não foi visto. Na área de dança árabe, essa mira não tem sido positiva. Concretamente esse boicote é um tiro no pé (ou seria na cabeça!), pois atinge também quem boicota. É uma questão de lógica! Tudo está interligado.

A concomitância de eventos no nosso meio (workshops, shows e espetáculos) tem demonstrado a postura de impedir que as alunas conheçam outros estilos e outras escolas. As pessoas são livres e têm também pensamento e ação livres. E quem se deixa aprisionar por qualquer não pode isso, não pode aquilo demonstra que estará mesmo à mercê da vontade dos outros.

Essas ações demonstram a inexorável gestação de um ovo de serpente. O que pode produzir um ovo de serpente de positivo? Através de sua membrana transparente pode-se acompanhar o desenvolvimento do monstro que está sendo gerado. Ao ser chocado, somente sairá dele uma serpente pronta para realizar sua missão maléfica de destruição, pois o veneno, além de trazer risco de morte, possue propriedade necrosante, destruidora.

O ovo de serpente, que está posto no meio da dança do ventre, corroerá (se é que já não correu!) por dentro nossos valores, nossas crenças. Se chocado, por sua natureza, se tornará nocivo. Assim, faz-se necessário destrui-lo, enquanto está na casca, da mesma forma como o fez Brutus ao matar o monarca Júlio César nas escadas do Senado romano, logo depois de justificar a necessidade de que ele deveria ser morto:
Preciso é que ele morra.    (...) É o dia claro que     as   serpentes chama, aconselhando-nos a andar com jeito. (...) Mas é coisa sabida em demasia que a humildade para a ambição nascente é boa escada. Quem ascende por ela, olha-a de frente; mas, uma vez chegado bem no cimo, volta-lhe o dorso, e as nuvens, só, contempla, desprezando os degraus por que subira. César assim fará. (...) Consideremo-lo ovo de serpente que, chocado, por sua natureza, se tornará nocivo. Assim, matemo-lo, enquanto está na casca. (Júlio César, de William Shakespeare).